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Salinidade oxidante

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Seres que vivem na proximidade do ambiente marinho são exigidos. O sal que interpenetra o ar absorve a umidade e, em parceria com o sol, faz os epitélios de revestimento se ressecarem. Observáveis e em ciclos previsíveis, os ventos constantes costumam incrustar a superfície de salinidade circundante definitiva. Metais e materiais exógenos oxidam e se envergam inapelavelmente ao lugar. Flora e fauna de biologia pulsante ou se adaptam ou têm o mesmo fim. Tampouco o pensamento e as emoções humanas são imunes a tal tendência. É educativo, contudo, observar organismo adaptado a habitat extremo. Suas peculiaridades ajudam a entender o sistema de defesas naturais, equação entre sujeição e imposição, que conseguiu gerar. Sim; a vida na superfície tem na adaptabilidade mecanismo de encontrar saída e permanecer. Para nós, na fase evolutiva de princípio consciencial em corpo humanoide, já é pouco apenas conseguir se adaptar, mesmo em ambientes assim. É compulsório manter a pensenidade sem sal o

Alheamento sistêmico

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Não somos os únicos. Estamos no topo da cadeia e nossa condição evolutiva é singular, mas outros olhos e patas se movem e dividem conosco o espaço em que estamos. A unidade de inteligência, nosso centro pensante, que evoluiu ao estágio de pensar sobre si, está germinada alhures em diferentes estágios e escalas, cumprindo algo que parece imparável e avesso ao que pensamos como indivíduos e coletividade. Se aperfeiçoar-se é sinônimo de existir, tudo que vive e é manifesto cumpre programação inata e traz consigo o direito de fazê-lo. Não nascemos dominantes neste planeta, mas superamos predadores e conquistamos o sono de noite inteira. Tal privilégio traz consigo a responsabilidade inalienável pela vida sistêmica que invade nossos sentidos a cada instante. Se ainda não é assim, é porque ainda apenas pensamos estar no topo.

Realidades ao largo

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A tendência humana de complexificar a vida, comportamento apoiado no impulso por apreender a realidade e decodificar seu funcionamento, leva o indivíduo a mergulhar em frequência onde o olhar torna-se seletivo e a atenção restrita ao objeto de interesse. É assim que se alimenta a inteligência e as coisas parecem lhe pertencer; pelo entendimento do antes e depois de cada momento. A diferença, o contraste, gera o movimento e faz as realidades serem apreensíveis pelo foco pensante insaciável. Enquanto isso, a vida do lado de fora do ego humano, feita por outros princípios conscienciais que desenham sua programação de existência, continua a acontecer. A atenção seletiva, tão necessária ao estudo e ao aprofundamento, ao tornar-se hegemônica, aborta, por gerações, a noção de realidade sistêmica e de múltiplas realidades coexistentes; faz com que outras escalas de acontecimento e suas complexidades passem ao largo.

Existência interagente

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O reconhecer-se como individualidade pensante tem efeito direto no sentir-se separado da realidade exterior. Como se o mundo ao redor fosse algo do qual se pudesse prescindir ou o autoisolamento estado realmente possível. Só o afunilamento de visão promovido pela condição humana e a exclusividade à sua base sensória pode justificar tal erro de abordagem. Mundos, universos e dimensões estão na mesma frequência de seus seres autóctones e, como tal, compartem dos mesmos fios e energias de que são feitos. De forma que basta existir para já promover interações e movimentos desestabilizadores na realidade.

Argumento falho

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Qual a real capacidade da própria natureza erradicar a vida que lhe brota de forma avassaladora e de todas as direções? Enorme. Como qualquer sistema, cada peça que lhe compõe está ligada aos seus pares próximos e todas elas, juntas ou separadas, determinantes no funcionamento do conjunto. Meu próprio funcionamento como indivíduo, em quaisquer de minhas manifestações, colabora para a manutenção ou abreviamento do que hoje está aí. Há uma responsabilidade implícita e indescartável em habitar um corpo que respira, ser formado por átomos de componentes temperamentais e pensar caminhando por estas bandas. E, o vaticínio atemporal: pela indissociabilidade pulsante, a reação é sempre em cadeia e a consequência jamais prescreve. Se a extinção realmente vier a acontecer, não seria a primeira vez deste planeta. Exceção ao fato de que hoje não podemos alegar como causa nosso desconhecimento das coisas. Nossas frases de comportamento, poesia inglória feita por doses diárias de indiferença, ates

Cabine vazia

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No desenho da vida humana diferentes são as fases de manifestação. Os extremos infância e velhice sinalizam começo e fim de  especial viagem pilotando uma nave chamada corpo em sua cabine de comando chamada cérebro. Entre tais extremos, a juventude e a vida adulta pontuam o funcionamento da nave em seu apogeu enquanto sistema, condição que reúne o conjunto dos mecanismos devidamente encadeados e saudáveis para funcionar em sua plenitude. No ciclo do nascer-morrer cumpre ao piloto o maior dos ganhos, o papel de acumulador da experiência, a memória das estradas, estímulos e impressões colhidas. Sim, pois a nave-corpo já nasce com um ciclo de vida útil determinado e nem suas células neuroniais poderão lutar contra o desfazimento pontual da morte e a perda dos registros efetuados. Na caixa-preta da memória do piloto, entretanto, tudo guardado, acumulado e seguro. Sendo o maior interessado na riqueza da viagem e, portanto, por extensão, o investidor-mor adquirente da nave-biológica cícl

Paisagista contumaz

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Quando o homem chega a um lugar invariavelmente imprime a ele sua marca. Nada o impede de erguer suas bandeiras e símbolos quando se encontra no topo da cadeia de poder entre os seres que se movimentam. Paisagens naturais compostas por tempos geológicos passam a ostentar, assim, de um momento para outro, marcas de entendimento humano forjadas em escala de tempo de alguns milênios e séculos. E a paisagem muda: suas cores, sua estética e, sobretudo, seu funcionamento. Assim, meio sem saber, acostumado à predominância da vontade, ocupa o homem papel impulsivo e contumaz de artista dos territórios, esculpindo novos desenhos à tridimensionalidade enquanto altera profundamente os fluxos de matéria e energia dos espaços geográficos. Porém, paisagens antropomorfizadas não são menos belas que paisagens naturais. Afinal, possui o homem o mesmo DNA de todos os elementos da estratosfera e é fruto do mesmo mundo que habita. Falta ao artista apenas o preparo - quiçá a humildade, para reconhecer o