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Mostrando postagens de 2012

Paisagista contumaz

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Quando o homem chega a um lugar invariavelmente imprime a ele sua marca. Nada o impede de erguer suas bandeiras e símbolos quando se encontra no topo da cadeia de poder entre os seres que se movimentam. Paisagens naturais compostas por tempos geológicos passam a ostentar, assim, de um momento para outro, marcas de entendimento humano forjadas em escala de tempo de alguns milênios e séculos. E a paisagem muda: suas cores, sua estética e, sobretudo, seu funcionamento. Assim, meio sem saber, acostumado à predominância da vontade, ocupa o homem papel impulsivo e contumaz de artista dos territórios, esculpindo novos desenhos à tridimensionalidade enquanto altera profundamente os fluxos de matéria e energia dos espaços geográficos. Porém, paisagens antropomorfizadas não são menos belas que paisagens naturais. Afinal, possui o homem o mesmo DNA de todos os elementos da estratosfera e é fruto do mesmo mundo que habita. Falta ao artista apenas o preparo - quiçá a humildade, para reconhecer o

Antenas de luz

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A linha reta da vida enquanto fluxo que não se esgota atua sobre o indivíduo a ponto de torná-lo um autômato. Água e alimento denso para suprir a energia de ossos e tecidos do corpo são primeira necessidade. Encaixar-se no  status quo  da vida em grupo e, antes, saciar as demandas de sexo e sono, completam-lhe o conjunto. Concentrada repetidamente toda energia, o movimento é sempre o mesmo: imerso na autossuficiência de existir o impulso é de respirar, andar, falar, ouvir, processar todo e qualquer estímulo que pelas antenas do corpo chegar ao reduto da mente. Como pano de fundo lá está a caixa de memórias, valioso registro do que deve ou não ser repetido. As evidências mostram, assim, o sentido de manutenção do veículo físico como a mais básica programação da qual viemos equipados. Entretanto, chega o tempo onde se percebe que o aparelho do qual se faz uso é mais sofisticado e aguenta simultaneamente programas mais avançados. É quando passamos a questionar o automatismo e a

Herdeiro plasmador

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Vamos plasmando coisas pelo caminho. De todos os tipos, em todos os tempos. Pedra, fogo, instrumentos e domesticação de plantas e animais. Metais ao fogo, tudo de novo com mais vigor e o surgimento de grandes civilizações. Escravistas, feitas de seres meio-homem e meio-bicho, com diferentes pesos na distribuição dos direitos, messianismo e subjugação. Assim, tão lentamente como surgem, vão-se embora impérios e personagens. E rotas comerciais fechadas mostram a já indispensável interdependência das relações. Homens ao mar por necessidade, novas terras e inesperado reencontro de matrizes humanas acontece. Segue a domesticação de minerais fortes e máquinas e ilusões passam a borbulhar. Feudos, mercantilismo, corrida para colonização de novas paisagens e criação de novos impérios. Logo, repetido desgaste e reforço ao pensamento reflexivo para novas elaborações de homem e sociedade. Inquietação geral, o instinto sobrepujando a razão e as grandes destruições. Quase todos perdem, mas sobra