Herdeiro plasmador

Vamos plasmando coisas pelo caminho. De todos os tipos, em todos os tempos. Pedra, fogo, instrumentos e domesticação de plantas e animais. Metais ao fogo, tudo de novo com mais vigor e o surgimento de grandes civilizações. Escravistas, feitas de seres meio-homem e meio-bicho, com diferentes pesos na distribuição dos direitos, messianismo e subjugação. Assim, tão lentamente como surgem, vão-se embora impérios e personagens. E rotas comerciais fechadas mostram a já indispensável interdependência das relações. Homens ao mar por necessidade, novas terras e inesperado reencontro de matrizes humanas acontece. Segue a domesticação de minerais fortes e máquinas e ilusões passam a borbulhar. Feudos, mercantilismo, corrida para colonização de novas paisagens e criação de novos impérios. Logo, repetido desgaste e reforço ao pensamento reflexivo para novas elaborações de homem e sociedade. Inquietação geral, o instinto sobrepujando a razão e as grandes destruições. Quase todos perdem, mas sobra o extrato da experiência e nova geopolítica no pensamento. O homem munido de direitos básicos e o fundamento liberal se tornam modelos predominantes. As diferenças se aproximam, não obstante o caldeirão cultural ainda ferva por duelos de ideologias anacrônicas. A tecnologia, indiferente, abraça tudo e todos como a gravidade sempre o fez. Somos herdeiros, basta olharmos para trás. Herdamos o que sobrou da vibrante sequência de homens e mulheres que nos antecedeu. Cada pedra lascada, cada ferramenta, cada saber empírico, cada costume, cada decisão política. Os caminhos, as cidades, os mercados, as línguas, os livros, as religiões e as guerras, tudo, de alguma maneira, ainda se encontra atavicamente ligado aos nossos comportamentos do presente. E para onde seguimos? O que se deve fazer? Não, não é possível declinar de contribuição para com a obra do mundo. Andar por suas ruas ou transformar algum tipo de energia já nos faz um intervencionista feroz da realidade.

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