Postagens

Mostrando postagens de abril, 2009

Torre de repetição

Imagem
Não há como fazer-se indiferente à expressão da luz, às cores que dela derivam e impregnam a retina. Quando acompanhadas de boa forma e proporção seu efeito é ainda mais contundente sobre o mecanismo sensível. Desencadeia magnetismo natural e prende o sentido. Normalmente conhecemos seu efeito de ativar os nervos óticos e impactar o cérebro, restando a este o papel de catalogar, estabelecer comparações e definir um padrão de pensamento como produto. E daí emerge sempre uma emoção equivalente. Assim, uma imagem, em frações minúsculas de tempo pode se transformar num estado vibracional pessoal. Sim; somos receptáculos de estímulos e deles decodificador. E os replicamos compulsivamente com nossas características de interpretação adicionadas. Mecânica identificada, resta-nos agora refletir por quais realidades andamos e outras quais ajudamos a construir. Nosso rastro energético pela vida.

Robalos e tanhotas

Imagem
A fome assola a iniciativa. Ler e interpretar exige combustível. Não interessa o alvo nem o universo intangível explorado: somos um tubo digestivo ambulante. A manifestação tem um alto custo de transformação de energia. É dose considerável de materiais de formatos, texturas e composições diversas. Serão sugados em compulsão. E não virão de nenhum lugar distante. Fazem parte da mesma realidade onde se manifesta o digestor inveterado; têm os mesmos matizes energéticos dele. Frequência de ondas diferentes, sim; mas, tudo carbono e, mais fundo, tudo elétron. Na visão epidérmica do corpo-tubo, porém, não há eletronótica nem física ondulatória. Há formas, cores e sons, cheiros e sabores. São códigos. Para que a vida esteja sempre se virando ao avesso.

Abelhas e gafanhotos

Imagem
Somos muitos, hoje; alguns poucos ontem; dois bocados, anteontem; e uma ameba em algum momento ainda anterior. Notória a máquina de replicar seres que geramos e da qual fizemos uso encantável e solidamente. Notável seu engenho em misturar emocionalidade e pragmatismo instintivo, combinação literalmente explosiva a deixar rastros cromossômicos por onde passa. Tão inegável como essa eficiente linha de produção instalada é o fato de que tal mecânica age em paralelo ao padrão de inteligência conquistado. Nada questionamos, usamos de cinismo e não avaliamos a ditadura reprodutiva e nem seus efeitos sobre as inter-relações existentes. Somos dogmáticos quando fizemos sexo e ativamos o portal interdimensional chamado útero. Religiosos crônicos movidos pela certeza de que alguém ou coisa maior vai um dia dizer o que fazer. Prefiro pensar que só em nossa galáxia há quatrocentos bilhões de estrelas como o sol e que o geocentrismo já morreu. Que o inteligente é dissociar sexualidade ma

ET's são bem-vindos

Imagem
Vencemos o contexto. Fomos a fundo e achamos o pedaço de pau adequado, a pedra moldável e a tática perfeita. Nem de longe pensávamos chegar tão longe. Afinal, a caça, o coito e a cama justificavam o ar. Qualquer algo mais seria presente de ET para o tempo em que o planeta ainda nem era o centro do universo. Mas, a prática repetida virou tecnologia replicável. E sobrou tempo. Com a sobra, carinhos na prole e refinamento na tática. No esforço do refino, a concepção do mais funcional e o encontro com a beleza da forma. Por trás do processo, o esmero do pensamento; o estabelecimento das diferenças e a formulação de conceitos. Aos poucos, o tateamento das próprias formas-pensamento e o autodescobrir-se, pensante. Efeito consequente: a divinização do achado e a estatização da sobrevivência. De repente, uma ideia louca de individualidade: o específico ganhou escala e a perspectiva se reduziu. Novo deus no horizonte, sem antes e nem depois. Ficamos novamente restritos à atmosfera encubadora. P

Elevadiços

Imagem
Homens constroem pontes. A rigor, pontes nasceram de ideias. E para tomarem corpo, também ponte entre elas foram tecidas. Só há uma forma de se fazer uma coisa distante chegar a outra: uma ponte. Um avião é uma ponte, assim como também o pensamento. A ponte está para o aprender assim como os pontos ligados estão para ela. A ponte está na palavra e também no silêncio. O silêncio é uma ponte de sons inaudíveis; a telepatia usa a ponte do intervalo entre as palavras. E as pontes interdimensionais? São muitas à disposição do transeunte ávido por novas paragens. Uma delas é sentir-se livre para pensar que existem pontes para tudo e que as construimos sempre. Por puro senso de apropriação da liberdade, essa ponte entre a mudez inerte e a eloquência das ideias.

Mensagens do sul

Imagem
É como se tudo estivesse preparado. O balé rasante e louco das andorinhas anima a revelação: o tempo vai mudar; hora de fechar as janelas, colocar lenha em casa e colher as roupas do varal. Bastou um ir e vir e tudo já era outro. Todas as coisas decidiram se deslocar muito rápido para o norte, como se o planeta houvesse inclinado. Mais do que ar e água em movimento, parece que a Terra tomou um rumo diferente em sua odisseia pelo espaço. Mas, no mundo da atmosfera, útero da vida sem parada e dela estufa permanente, muitas interpretações serão possíveis. Hora da chuva e do tempo nublado; trovões e relâmpagos em plena janela; é praia que afunda e água quente e translúcida. Tenho comigo assim quando isso acontece: - 'C hegou nosso amigo do polo e suas mensagens patagônicas '.

O impulso

Imagem
Estão chegando. Dar de ombros às incertezas, por-se ao mar e ir a fundo, a contumaz forma de agir. Mas qual sentido em risco certo? No que morrer pode ajudar? As imagens têm os seus duplos e não há como fugir. Em mero instante o pensamento plasma de agora o que seria. Mas nem o fim aqui se acerca, pois não há fim ao sem começo. O existir jaz infinito e de ida e volta é a viagem. Abreviar o almejado é um sem sentido, uma impulsão. Todo fim aparente está repleto de continuísmos e de pedaços do que já houve. Quão paciente sou com o infantilismo que me preenche? Cresço agora um pouco mais, então. Toda prisão possui janelas.

Aos montes

Imagem
Na ânsia de existir qualquer coisa parece aceitável. Ser uma pedra ou alimento, carvão lá de baixo ou o ar aqui em cima, homem ou bicho, aos montes e em série. Observar os espécimes é deparar-se com a liberdade de escolha. Vê-los em profusão faz-nos generalizar suas expressões. Em coletivo é forte a identidade; mais humilde e abarcável é a peça isolada. Uns e outro falam sempre. De si e do impulso. Do lugar onde todos se encaixam e misturam os cabelos, as entranhas, os grunhidos, os aromas e até a insensibilidade aparente. Tudo ao mesmo tempo. Aqui e agora. Para ver e aprender.

Além-cerca

Imagem
Não vejo o outro lado. E não consigo porque há um obstáculo entre dois espaços. O eu-cego insiste, desorientado, em olhar para onde não consegue ver. Vê o que não lhe interessa. E o que não é interessante não lhe retém a atenção; vira obstáculo. Sobrando, a atenção desperdiça energia. Quanto o desperdício consegue matar as capacidades no decorrer do tempo? Num volume tal que, provável, não se consiga, em vida, ver além das paredes e objetos. Nem através das pessoas, tampouco. Ainda assim, preciso urgente descobrir o que sou além do que pareço. Os mesmos obstáculos não existem para todos. Ainda hoje há lugares onde não podemos nos valer deles. Esconder-me é uma ilusão que criei para não ter de existir além do óbvio.

A espiral

Imagem
Em que escala entendo o mundo? Quanto de meu tamanho e viés de personalidade influi na forma de conceber coisas e antever outras? De repente minha área de ação é a superfície de uma folha de couve. Confere a existência de planícies e desfiladeiros; também pré-caminhos como trilhas já experimentadas. As opções são inúmeras, mesmo que aparentemente possa ir apenas para frente ou para trás. Existe um zênite que chama e um nadir que me torna inquieto. É como se não fosse permitido dormir, passar calado sobre a superfície cartográfica do lugar. Com o companheiro-bússola pensamento dou passos em direções antigravidade. E numa espiral subo e desço, procuro o centro. De mim.

As janelas

Imagem
Uma janela serve tanto para ver o fora como para mostrar o dentro. Mas, há um terceiro ângulo: a própria janela. No material do qual é feita juntam-se o externo e o interno, verso e anverso e a face da profundidade entre eles. Por vezes, perdemo-nos em seus aspectos e esquecemos seu sentido e o que proporciona. Vê-la é mais cativante e palpável que tatear o escuro a partir do claro ou o acolá plantado no aqui. É que tudo o que não se toca imaginamos compreender menos. Não é assim. Nosso instrumento de classificação chamado mente não consegue construir novas sinapses se não o quisermos. Precisamos motivá-la e à pressão do esforço do novo, submetê-la. Janelas são portais. Para uma mesma dimensão e para tantas outras que assumirmos experimentar.