Abelhas e gafanhotos













Somos muitos, hoje; alguns poucos ontem; dois bocados, anteontem; e uma ameba em algum momento ainda anterior. Notória a máquina de replicar seres que geramos e da qual fizemos uso encantável e solidamente. Notável seu engenho em misturar emocionalidade e pragmatismo instintivo, combinação literalmente explosiva a deixar rastros cromossômicos por onde passa. Tão inegável como essa eficiente linha de produção instalada é o fato de que tal mecânica age em paralelo ao padrão de inteligência conquistado. Nada questionamos, usamos de cinismo e não avaliamos a ditadura reprodutiva e nem seus efeitos sobre as inter-relações existentes. Somos dogmáticos quando fizemos sexo e ativamos o portal interdimensional chamado útero. Religiosos crônicos movidos pela certeza de que alguém ou coisa maior vai um dia dizer o que fazer. Prefiro pensar que só em nossa galáxia há quatrocentos bilhões de estrelas como o sol e que o geocentrismo já morreu. Que o inteligente é dissociar sexualidade madura de reprodução compulsória. E trabalhar, sim, por tantos aqueles que já estão aqui e ainda procuram o sentido da rápida estada.

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