Além-cerca













Não vejo o outro lado. E não consigo porque há um obstáculo entre dois espaços. O eu-cego insiste, desorientado, em olhar para onde não consegue ver. Vê o que não lhe interessa. E o que não é interessante não lhe retém a atenção; vira obstáculo. Sobrando, a atenção desperdiça energia. Quanto o desperdício consegue matar as capacidades no decorrer do tempo? Num volume tal que, provável, não se consiga, em vida, ver além das paredes e objetos. Nem através das pessoas, tampouco. Ainda assim, preciso urgente descobrir o que sou além do que pareço. Os mesmos obstáculos não existem para todos. Ainda hoje há lugares onde não podemos nos valer deles. Esconder-me é uma ilusão que criei para não ter de existir além do óbvio.

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